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quinta-feira, abril 28, 2005

Vida Cigana

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Por que se foi?
Tantos planos, tantas coisas pensei, mas agora se foi... há muito tempo se foi. Lembra-se, eu iria te visitar, mas você não quis arriscar. Nessa época aceitei, você também tinha seus pensamentos, seu ideais, suas crenças e precisava correr atrás.

Como perder um amor que não se viveu?

A pior separação que já me ocorreu foi a separação do que nunca se uniu, daquilo que tive intenção, mas não ocorreu. Sempre fui muito impulsivo, mas naquela ocasião vi meu carinho crescendo, progressivamente, inocentemente, até se transformar numa coisa que me fazia mover, seguir.

Mas eis que o destino, em suas artimanhas resolveu adiar, ad eternum (ou até segunda ordem) algo que estava para nascer, de certa forma te amava, sei que você também, mas nossa vida caminha por caminhos retos, nossos sentimentos é que são meio tortos, não querem seguir esse fluxo linear. Você foi de Piracicaba para São Thomé, mesmo vendo, ainda não acredito.

Já faz muito tempo que nem notícias tenho, difícil que é falar com você. Espero que o Grande Arquiteto tenha lhe reservado um caminho bom, que esteja feliz, também trilho o meu caminho, mas o carinho é grande, seja lá como estiver.

No momento eu acho que não tenho mais a dizer deixo essa música falar um pouquinho mais, particularmente gosto da gravação feita pelo Belchior.

Vida Cigana
(Geraldo Espíndola)


Oh, meu amor!
Não fique triste...
Saudade existe pra quem sabe ter,
Minha vida cigana me afastou de você,
Por algum tempo eu vou ter que viver por aí, longe de você,
Longe do seu carinho...
E do seu olhar, que me acompanha já tem muito tempo
Penso em você a cada momento
Sou água de rio que vai para o mar
Sou nuvem nova que vem pra molhar essa noiva que é você
Pra mim você é linda
A dona do meu coração
Que bate tanto quando te vê
É a verdade que me faz viver
O meu coração bate tanto quando te vê
É a verdade que me faz viver

quinta-feira, março 17, 2005

Schopenhauer (Brainstorm)

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Olha o texto que estou postando abaixo, é mais um texto antigo meu, mas que vou deixando arquivado aqui para quando estiver sem inspiração para coisas novas.
Gosto muito desse texto e como o subtítulo diz, foi um brainstorm, pois escrevi sem pensar em nada, regras, rimas, nada. Escrevi o que saiu.

Só para contextualizar escrevi esse livro após ler um livro que ganhei de presente da minha amiga Rosane Coutinho, chama-se A Arte de Ser Feliz, de Schopenhauer,1 por isso o título.

Então vamos para o texto.
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Schopenhauer (Brainstorm)

Famigerado, desgraçado. Descalço, indócil. Sigo assim minha sina de não querer nada além do que é jogado no lixo daqueles que possuem a vida que quero.

Assim! Para quê mais? Aprendi que querer é sofrer, mesmo que queira apenas um pouquinho de felicidade... dignidade...

Hum... dignidade, nem sei o que é isso, mas deve ser legal... ser digno!

Dignidade: respeitabilidade; autoridade moral Isso foi o Aurélio quem disse. Mentira, não foi ele não! Foi o Silveira Bueno, mas é que Aurélio é mais bonito, mais poético, todo mundo conhece.

mas o Silveira também tem sua autoridade moral e tenho que ser grato a ele, por me acompanhar desde o colegial.

Qual era o assunto? Nem me lembro mais! Também não lembro de tantas outras coisas, mas não quero ser assim não. Eu quero lembrar. Quero poder contar histórias bonitas para os meus filhos. Bonitas e cheias de sabedoria.

Ahh! Vai ser legal eles olhando para mim com aquela cara de quem "teve um encontro com Deus". Frase cliché né? Mas não quero entrar nessa polêmica. Não que eu não discuta religião, mas é que tem hora certa para isso. Quero é falar dos meus filhos, que ainda não tenho.

Não. Não é isso também não! Estava falando de memória, ou era dignidade?

Ah, quero tanta coisa, que é até chato querer. Schopenhauer diz que a felicidade está em querer o menos possível... Schopenhauer!!! Viu como estou chique, citando Schopenhauer.

Será que meus filhos vão achar bonito quando eu falar em Schopenhauer? Ah, deixa prá lá.

Se você me acompanhou provavelmente enm me entendeu, mas eu estava pensando nesse povo; o povo todo mesmo. Eu queria que eles também em acompanhassem.

Podem até começar famigerados, mas que terminem com Schopenhauer.

ALEXANDRE LIMA DE BARROS
BH - 10/09/2003 - 19:45

OBS: Será que um dia nós seremos capazes de eleger mais políticos que se preocupem menos com a política e mais com o povo? Tá na hora.

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1. Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo Alemão, nascido em Dantzig, em 22 de Fevereiro de 1788.Mais informações:

quarta-feira, março 16, 2005

Vivo

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Como disse que iria postar algumas coisas antigas, aqui vai um poeminha que, relendo ficou até razoável... Nessa época estava com 21 anos então devia estar no espiritismo (Kardecismo)1, talvez sirva para contextualizar o tema.

Abraços a todos os que lêem aqui, principalmente à Hitoe, que tem deixado ótimos comentários nos meus textos. Por favor, se tiverem alguma sugestão ou dica também podem falar.

Vivo

Vivo,
pois este é meu destino.
Não porque respiro ou ando.
Vivo,
pois é bom viver.
O que será esta vida?
Sem motivos? Duvido!
Um dia não pode existir sem motivos,
Quem dirá uma vida.
Todos os dis acordo
E me pergunto porque vivo.
Lá no fundo me respondo:
Vivo porque amo o mundo,
Vivo porque amo a vida!

Alexandre Lima de Barros
Belo Horizonte - 26/Fev/2000 - 09:40


1. Religião fundada por Allan Kardec.

Maracangalha... Minha Mãe

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Acho que para ser um bom escritor é preciso, além de várias outras coisas, uma ótima memória e uma certa capacidade de "contar causos". Acho que nesse quesito terei problemas. Às vezes paro para tentar lembrar de coisas do meu passado, minha infância e vejo que as memórias existem, mas não são tão fortes, de forma que eu possa trazê-las com toda a força para o presente, assim como Vinícius, ou livros ricos em detalhes como de Pedro Nava.

Entretanto, nem tudo está perdido nessa cachola, e até um peixinho dourado deve ter alguma coisa que fica fixa por mais tempo em sua memória. Assim também é comigo e chegou a hora de fazer justiça a uma pessoa de extrema importância na minha vida: Minha Mãe.

Pessoa séria, caprichosa, trabalhadora, amorosa. Sempre cuidou da sua casa e sua família com muito amor, de uma forma que às vezes nos chateava, mas sempre nos amou. Infância difícil nascida em um vilarejo na Bahia, Caraibas, distrito de Tremedal, ainda menina mudou-se para Vila Pereira, distrito de Nanuque, Minas Gerais, e daí para a sede. Filha de família comum, humilde... vamos adiantar pois isso não é biografia... só quero dizer que minha querida mãe sempre foi uma pessoa humilde, mas que zelava muito por nós, mas todos temos nossas manias e minha mãe também tem as suas: adora casa limpa e organizada, chegando a uma neurose graças a isso, mas é graças a essa neurose que tenho uma das lembraças mais gostosas da minha infância.

Cuidadosa que era com a casa, não gostava de menino pequeno tomando banho e sair bagunçando os quartos sendo assim, tomávamos banho todos juntos, ela, eu e minhas duas irmãs. Isso era uma festa, assim com todos juntos, ocasionalmente meu pai também estava, tornando a festa ainda maior. Isso nos tornava um pouco diferente e se tivéssemos composto a música Família do Titâs acrescentaríamos: 'Toma banho junto todo dia'... era a nossa história e gerou mais histórias.

Nesses banho minha mãe costumava cantar Maracangalha,

Maracangalha
(Dorival Caymmi)

Eu vou pra Maracangalha
Eu vou
Eu vou de uniforme branco
Eu vou
Eu vou de chapéu de palha
Eu vou
Eu vou convidar Anália
Eu vou

Se Anália não quiser ir Eu vou só
Eu vou só, eu vou só
Se Anália não quiser ir
Eu vou só, eu vou só
Eu vou só, sem Anália
Mas eu vou

... mas de uma forma adaptada, não havia Anália e sim Alexandre, Bianca e Janaina...

- Eu vou convidar o Alexandre, eu vou... Se ele não quiser ir eu vou só...

Essa era a nossa deixa, em que sempre respondíamos "Eu vou", como poderíamos deixar nossa mãe ir sozinha para Maracangalha, um lugar tão distante e desconhecido quanto o Tororó, onde ela também nos levava vez ou outra. É verdade que Bi, nossa rebelde sem causa(1), às vezes negava, para indignação minha e de Jana, mas era só charminho mesmo.

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É engraçado hoje escutar Maracangalha, dá vontade de ir para o banheiro, chamar minhas irmãs, minha mãe, meu pai, sentar no chão e deixar que minha mãe esfregue minhas costas, ou eu mesmo esfregar as das minhas irmãs para ajudar. Mas como no momento meus pais estão longe e minhas irmãs dormindo, choro de saudades. Saudades de coisas boas que vivi, vontade de poder vivê-las mas os dias são outros, saudades dos meus queridos pais que estão em Teixeira de Freitas, próximos como uma chamada no Skype, mas tão distantes para um abraço apertado, saudade da minha mainha, pegá-la, jogá-la na cama e beijar todo carinho e sem parar, até meu pai chegar no quarto sorrindo e nos chamando de palhaços.

Saudade.

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1. Rebelde sem causa: Esse domingo (13/03/2005) teve uma reportagem falando que os primogênitos são mais obedientes, enquanto os mais novos são mais "rebeldes", para tentar chamar a atenção dos pais. Por isso mesmo têm maiores propensões a serem pessoas que vão contra o sistema, idealistas. Bem, azar o meu que sou primogênito.

domingo, março 13, 2005

Formigueiro (Fotografias)

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Bem, quem dá uma examinada mais minuciosa no blog pode estranhar o texto de introdução do mesmo:

Tudo o que se passa na minha mente,
desde fotografias de formigueiros
a conhecimentos científicos e filosóficos...
Bem, na verdade talvez nem seja tão estranho, é só isso mesmo, foto de formigueiro sim, porque adoro fotografia, embora não seja nenhum J. Duran, mas gosto de fotografar de tudo, desde formigas brigando no chão para pegar um bezouro morto a festas de aniversário do amigo do meu primo. Nesse ínterim passamos por flores, paisagens, praias, pessoas conhecidas ou desconhecidas, bundas (como pode ser visto em um post do meu flog) e tudo mais que puder ser focalizado por uma lente, embora às vezes não fique tão no foco assim.

Aí está então a foto que inspirou parte da introdução do blog:

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E fotografar é isso, mirar a lente em uma direção que muitos não observavam e captar naquele momento algo próprio, é como emitir uma opinião sobre um assunto. Ela revela um breve momento, na eternidade (ou brevidade) de um fato.

Como esse pequeno formigueiro aí que parece um grande cálice, ou uma enorme estrutura. Havia vários ângulos possíveis, escolhi uma, essa foi minha opinião, meu ângulo.

Às vezes acontece isso em nossas vidas, os fatos estão ali para ser vistos ou não por quem quer que seja. Cabe a nós escolher se vamos ou não observá-lo. Às vezes somos nós mesmos os fatos, esperando que alguma lente nos mire e descubra o nosso melhor ângulo e resolva assim nos fotografar, nos revelar e guardar em seu álbum de recordações. Mas o que mais queremos mesmo, é que após nos revelar sejamos colocados em um belo porta-retratos na mesa de centro da sala, uma parte importante na vida daquela pessoa, ou que nos carregue em sua carteira... seu Coração.