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domingo, janeiro 30, 2005

Saindo da Caverna

Li que somos Vitoriosos, pelo simples fato de existirmos.1 Você também já deve ter ouvido algo do tipo, uma piadinha como: dentre milhões de espermatozóides, o único que daria origem a você venceu, VOCÊ nasceu. Legal, mas o que quero vai um pouco além disso, um pouco mais longe na história natural. Fazemos parte de uma linhagem longa, tradicional e vencedora. Todos os nossos antecedentes foram vitoriosos e não falharam, nem que seja em um quesito. Gerar descendentes.

Imagine aquela estrutura primordial há alguns bilhões de anos que gerou as primeiras céluas e estas, sucessivamente, evoluíram até virarem esponjas. Fico imaginando meu hipertrisavô esponja trocando DNA com minha hipertrisavó, fogosa que só ela e gerando esponjinhas, algum até deve ter se chamado Bob, Bob Esponja. Assim continuamos até se formarem os primeiros mamíferos, acoados nesse mundo pelos enormes dinossauros. Percebem como sempre ficamos acoados algumas vezes na vida?

O medo faz parte da vida, mas temos que saber administrá-lo, senão bloqueamos nosso processo evolutivo. Imagine aquele mamiferozinho acoado na caverna (só bebendo leite parmalat) para sempre? Se está aqui para imaginar é porque ele não ficou. Ele saiu daquele estado de medo, largou as cavernas e saiu atrás de alguma peludinha com tetas bonitas - muito corajoso, pois na época não existia essa profusão de silicone. Assim aconteceu com todos so nossos ancestrais.

Então você me pergunta: "Aham, e daí?"

E daí nada. Agora pare e pese se temos motivo para nos sentirmos derrotados ou tristes com o que quer que seja. Tá, eu falo isso principalmente para mim, que às vezes me desagrado quando não consigo algumas coisas que gostaria. Deixe estar, eu sou vencedor e não é um percalçozinho qualquer que vai tirar meu título, não mesmo!

Eu sei que ainda terei muitas tristezas, muitas decepções, mas entregar-me está longe dos meus planos, "mas o que é a vida senão um aglomerado de coisas banais do nosso cotidiano, com pequenos - e muito raros - eventos de maior importância."2 Sendo assim não vou ficar escondido nas cavernas. Eu pertenço ao ao mundo, dele sou parte e dele também sou dono. Não agirei como se fosse menos.

Então, meu amigo, dá licença que estou saindo, se quiser que fique aí.

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1. Jostein Gaarder - Maya

2. Nem tudo é dos outros né! Isso fui eu mesmo em 06/12/1998, enquanto pensava um pouquinho sobre a vida. Talvez até transcreva ele na íntegra depois, pois está razoável.

Um comentário:

  1. Muito ótimo, deveras excelente.
    Gostei de cada palavra, e estou achando o máximo você colocar os apontamentos numéricos e seus lugares de origem.
    Pois é meu caro amigo vencedor, a vida é assim e as vezes pode existir cavernas dentro de outras cavernas, mas como disse o grande Platão sobre o sair da caverna, a luz ofusca mas traz sabedoria. Na verdade não foi essa a frase dele, mas o lance é esse

    Sobre sua pergunta no 3º livro, aquele é o livro que Bi começou a digitar sim.

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