- Boa noite "seu" Ivaí.
Seu Ivaí é um porteiro, de uma rua que morei. Seu Ivaí, como muitos outros é um desses porteiros que habitam a entrada de nossos prédios, nossa cidade.
Imagino esses camaradas, zeladores de nossa segurança, a maioria deles muito educados, ali sentados em suas portarias.
Calma, deixa eu explicar o porque desse assunto. Em minhas muitas andanças pela cidade - coisa de quem não tinha dinheiro para gastar com taxi nem paciência para andar de ônibus - adquiri o hábito de cumprimentar os porteiros e outros habitantes da noite.
Nem sei como são suas vidas, mas sempre os imagino ali, no meio da noite, solitários.
Pare e pense, você, no meio da noite. Aquelas nobres senhoras que atormentam nossos ouvidos nos elevadores e corredores com assuntos de total "desimportância"1 já foram dormir, não vão mais ocupar os porteiros em longas conversas. Enquanto isso, seus filhos e netos ainda não chegaram com seus carros da balada - carros que eles, os porteriros, nunca terão.
Pensou? Agora pense que você, na posição desse porteiro, deve ficar acordado, em um cubículo escuro, com uma pequena TV preto-e-branco. Ninguém para conversar, nada para falar, nada para distrair.
Pois é! É por isso que eu os cumprimento. Não que eu já inicie com grandes cumprimentos; no início é mais como um levantar de sombrancelhas, depois um aceno de cabeça, para finalmente um aceno de mão e um largo: "- Boa Noite!"
Então eu os cumprimento. Um pequeno intervalo na noite enfadonha. Um pequeno divertimento, para que eles pensem: "Coitado desse menino, andando solitário por essa noite sem graça".
E será que não é isso?
Belo Horizonte, 18/05/2006 - 22:10.
1. Pessoalmente adoro longas conversas com muitos desses velhinhos, mas normalmente não nos corredores, principalmente quando estamos morrendo de pressa.
Seu Ivaí é um porteiro, de uma rua que morei. Seu Ivaí, como muitos outros é um desses porteiros que habitam a entrada de nossos prédios, nossa cidade.
Imagino esses camaradas, zeladores de nossa segurança, a maioria deles muito educados, ali sentados em suas portarias.
Calma, deixa eu explicar o porque desse assunto. Em minhas muitas andanças pela cidade - coisa de quem não tinha dinheiro para gastar com taxi nem paciência para andar de ônibus - adquiri o hábito de cumprimentar os porteiros e outros habitantes da noite.
Nem sei como são suas vidas, mas sempre os imagino ali, no meio da noite, solitários.
Pare e pense, você, no meio da noite. Aquelas nobres senhoras que atormentam nossos ouvidos nos elevadores e corredores com assuntos de total "desimportância"1 já foram dormir, não vão mais ocupar os porteiros em longas conversas. Enquanto isso, seus filhos e netos ainda não chegaram com seus carros da balada - carros que eles, os porteriros, nunca terão.
Pensou? Agora pense que você, na posição desse porteiro, deve ficar acordado, em um cubículo escuro, com uma pequena TV preto-e-branco. Ninguém para conversar, nada para falar, nada para distrair.
Pois é! É por isso que eu os cumprimento. Não que eu já inicie com grandes cumprimentos; no início é mais como um levantar de sombrancelhas, depois um aceno de cabeça, para finalmente um aceno de mão e um largo: "- Boa Noite!"
Então eu os cumprimento. Um pequeno intervalo na noite enfadonha. Um pequeno divertimento, para que eles pensem: "Coitado desse menino, andando solitário por essa noite sem graça".
E será que não é isso?
Belo Horizonte, 18/05/2006 - 22:10.
1. Pessoalmente adoro longas conversas com muitos desses velhinhos, mas normalmente não nos corredores, principalmente quando estamos morrendo de pressa.
HEHEHE, fantástico, simplesmente fantástico.
ResponderExcluirAdorava essas conversas informais, descompromissadas, mas agora...
Não sei o que se passa comigo (será que não sei mesmo)...
Bom... deixa para lá.
Tenho que voltar a certos hábitos a muito esquecidos, não quero ja chegar num momentos que não tem volta, o tempo passa, mas a gente não precisa.